sexta-feira, 2 de março de 2012

Temperos de Banda Chiado !!!

Há uns 12 anos atrás, ou um pouco mais, talvez, um sonho de (quase) todo adolescente se concretizava dentro de minhas lembranças mais profundas: tocar com uma banda ao vivo. Uma banda que se formou meio que por acaso, por amigos que conheceram em uma viagem para Ilha do Mel, por volta do longínquo ano 2000, e outros amigos que entraram no meio do caminho, que foi o meu caso.

Quem diria que aquele colega de trabalho iria se tornar meu amigo, compadre e, ainda, confrade alguns anos depois. Na época, veio por ele, Chacon, o convite para entrar na banda, e eu aceitei sem nunca ter tocado bateria na minha vida (apenas em sonhos, certamente) – algo que a banda certamente não sabia - e o resto é o resto. Que um pouco tentarei descrever a seguir.

Tudo começou nos intermináveis ensaios na Toniolo´s House, em Esteio. Um bando de gente se juntava para ficar conosco, bebendo chimarrão no início, e depois cerveja, enquanto tocávamos, pelo menos, das 14h às 18h, todos os sábados, isso quando não passava do horário. Era uma loucura e festiva brincadeira, isso quando não esticávamos a noite. Até que surgiu o convite, logo em seguida, para o primeiro show. Se não me engano, no dia 06 de setembro de 2001, no extinto Bar Orange em Esteio. Festa denominada de Girino´s Fest. Imaginem a loucura.

Flyer da Girino´s Fest

E foi de casa cheia a nossa estréia. Mas o pior estava escrito: na frente da casa onde iríamos tocar, o Papas da Língua iria se apresentar. No clube Aliança, o maior de Esteio. Ou seja, ninguém iria ir ao nosso show. Enganamos-nos feio. A turma da nossa Produção se mobilizou na divulgação e lotamos o Orange (e que bom que o bar era pequeno...). Veio todo mundo, mais de 200 pessoas. Até o confrade Luca Brasi esteve presente, com seu mano (que, junto comigo, não pagou a conta me ajudando a carregar os instrumentos da bateria...). Pacino estava em New York e não pode comparecer. Foi uma festa sensacional. Tocamos mal, como quase sempre, mas o pessoal se divertiu. Foi algo meio Sex Pistols ou Nirvana: “foda-se o som, liga esta porra de guitarra e toca estas cordas !!” – pensavam todos. Nesta noite, destaque especial para a camiseta que toquei no show: um presente de meu confrade Luca Brasi, que trouxe da recém chegada viagem para Nova Zelândia.

Imagem do Primeiro Show
Depois do deleite do primeiro show, vieram mais ensaios (agora já em estúdios), algumas gravações em estúdio (certeiras e frustradas) e novos pequenos shows. Public, Aliança, Sede dos Amarelos, Fazenda em Caxias, Bar do André, etc. etc... foram alguns dos lugares que tocamos e nos divertimos. Destes, sem dúvida, Caxias foi o mais bacana e alegre. Um comboio de carros saindo de Esteio com bateria, guitarras, baixo, caixa de som, amplificador, bandeira, camisetas, etc, etc... subindo a serra para tocar no aniversário de um amigo, primo do Chacon. E o local do show era uma fazenda, numa garagem. Pelo que me lembro, tinha uma tomada só, para ligar todos os equipamentos de som, que saia da janela do banheiro. Cheio de fio e extensão ligada uma na outra, tudo junto. Não sei como não pegou fogo. Este dia também foi simbólico, pois foi aqui que conheci meu compadre e confrade Pacino. Ele não deve se lembrar disso, mas eu tenho a foto guardada de quando o conheci. Legal.

Fotos históricas:

Passagem de Som - Sede dos Amarelos

Passagem de Som - Sede dos Amarelos

Show Bar do André

A banda se encerrou rápido. Pelo que me lembro, em 2002 já havíamos nos separado, quem sabe até brigado um pouco, por motivos que não importam e nunca importaram. Uma parte foi para um lado, uma parte foi para outro. Teve encontros e desencontros, inclusive de palco. Mas isso nunca abalou nossa amizade, tanto que sempre nos encontramos. Chegamos a fazer uma despedida oficial, por volta de 2003, creio, no Casarão em São Leopoldo, mas que não foi nada de especial. A banda já tinha se desintegrado e o clima não era mais o mesmo. Parte de nós ainda se cruzou em outros palcos, mas nunca mais com a formação integral. Quase conseguimos com todos em um show em 2009, mas também não deu certo.

Por isso, o motivo deste post é simbólico. E saudoso. Isso porque, depois de mais de 10 anos separados dos palcos (mas nossa amizade nunca se esfacelou), nos reencontramos para tocar, com a formação original. Banda Chiado na versão original: Vicão nos vocais, Huck na guitarra 1, Paz no baixo, Chacon na guitarra 2 e Alberton na bateria. Formação clássica e original. Para um show de despedida: do Huck, que pegou vôo para os USA em virtude de uma promoção profissional. E sua escolha, para celebrar a despedida do Brazil, foi nos reunir para tocar e ver o que iria dar. E deu.

Contatos iniciais feitos, convites formalizados, uma reunião no clássico Planeta Xis de Esteio para decidir o set list e, quando vimos, estávamos fazendo nosso primeiro ensaio. Foram apenas 5 ensaios que, a bem da verdade, foi como se tivesse ocorrido somente 1, face aos problemas técnicos de um estúdio e outros desencontros normais da agenda atribulada de todos. Rolou, como algo normal, alguns pequenos stress nos ensaios. Mas tudo ansiedade para dar certo. E tudo isso em meio às férias de fevereiro. O que valeu, mesmo, foi o último ensaio, realizado na manhã do dia do show.

O local caiu de luva em nosso colo: nosso brother Romano Chacon conseguiu que tocássemos no Factory Beer em São Leolpoldo, lugar bacana e com chopp legal. Com toda a estrutura do local. Iríamos abrir o show de uma banda que tocaria mais tarde, depois da gente. No dia, confesso que senti aquele “frio na barriga” que há algum tempo não sentia mais... quando fomos ajustar o som, por volta das 18h, e vi aquele cenário, pensei: “o que estamos fazendo aqui...”. O próprio Huck veio falar comigo sobre sua ansiedade. E sentir isso é maravilhoso !


Flyer da Festa
Depois do som ajustado, fomos descansar. Chovia que chovia. Choveu durante todo o sábado, de forma interminável e com força. BR116 alagada, cidades alagadas. Uma pena, pois isto contribuiu para pouca gente sair de casa. Mas até que tinha um pessoal legal. Alguns amigos compareceram, mais uns outros desavisados Leopoldenses que saíram para se divertir. Muitos amigos em férias, uma pena. Faz parte. Mas as mesas estavam todas ocupadas, pelo menos; e o cenário estava ótimo e o som melhor ainda. Durante o show, foi chegando mais gente e o clima foi melhorando. Em cima do palco dava para se escutar tudo muito bem, algo nem sempre comum em nossas apresentações, pelo menos do que me lembro.

Uns 15 minutos antes de entrar no palco, proponho uma mudança no set. Alguns me olham atravessado, mas concordam. O clima do bar estava muito intimista, todo mundo sentado no bar, e começar com um Rock pegado iria pegar mal. Iríamos abrir com “Rádio Pirata”, mas decidimos trocar por “Estou na mão”. O pessoal concordou e mudamos tudo na hora, inclusive invertemos ordem de outras músicas. Que maravilha. E subimos pontualmente as 23:05h do dia 25/02/2012. Para tocar pouco mais de 1h de show, com quase 20 músicas.

Em cima do palco, pouco nos olhamos. Estávamos concentrados para não errar, creio. Mas todos se saíram muito bem. Durante o andar do show, decidimos não tocar 2 músicas do set original, sei lá por que. Alguma insegurança, talvez. Faz parte. O fato curioso do show, sem dúvida, foi meu compadre Chacon apoiando um copo de chopp em cima do teclado da outra banda, do lado do computador do tecladista. Quando este chegou no bar, no meio do nosso show, e viu a cena, quase se atirou no palco para tirar o copo de lá. Demais.

Factory - 2012
Tocamos pouco mais de 1h e saímos numa boa. Anderson “Paz” destruiu no baixo, como sempre. Terminamos o show com nossa versão clássica de “Com Todos Menos Comigo” – para celebrar bem a história da banda. Teve som em homenagem ao nosso primeiro show (“Uma noite e meia”), músicas que sempre tocamos (“Rádio Pirata”; “Cachorro Louco”; “Psico Killer”; “Sex Experienced”; “Stand By Me”, etc.). E ainda teve novidades, como “Rádio Blá”; “Não Sei”; “Por que não?”; “Estou na Mão”; “Aluga-se”; “Campo Minado”, etc. Foi um bom set.

O set list definido foi:

1.    TNT – ESTOU NA MÃO
2.    RPM – RÁDIO PIRATA
3.    LOBÃO – RÁDIO BLÁ
4.    CACHORRO GRANDE – SEX EXPERIENCED
5.    TNT – CACHORRO LOUCO
6.    BIDÊ OU BALDE – E POR QUE NÃO ?
7.    BARÃO VERMELHO – MAIOR ABANDONADO
8.    PARALAMAS DO SUCESSO – MEU ERRO
9.    JOHN LENNON – STAND BY ME
10. TALKING HEADS – PSICO KILLER
11. RAUL SEIXAS – ALUGA-SE
12. BANDALHEIRA – CAMPO MINADO
13. ULTRAJE A RIGOR – CIÚME
14. TNT – NÃO SEI
15. MARINA LIMA – UMA NOITE E MEIA
16. STEPENWOLF – BORN TO BE WILD
17. DOMINÓ – COM TODOS MENOS COMIGO

Factory - 2012

Final do Show
Ao final do show, celebração entre amigos. Escutei uns 3 ou 4 “por que não voltam a tocar juntos ?”. Foi bom escutar isso, mas não é mais o momento, talvez. Mas combinamos de tocar juntos, sempre que fosse possível e tivesse alguma data em especial. No retorno do Huck, talvez. Em algum aniversário, quem sabe. Ou quando der vontade. O que, certamente, nunca faltou em curtir a vida e lembrar de um tempo pós adolescência que, se não volta nunca mais, ficou eternizado na caminhada de todos, atestando que só vale a pena viver se não for para esperar a morte chegar.

Saludos.

By Alberton

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