terça-feira, 6 de dezembro de 2011

The Cure-Cabelos, Batons e Canções que apertam corações (blognovela-capítulo 2)

(1980 – 1982)  Período Dark
 
Após a gravação deste primeiro álbum, Robert inicia pouco depois a gravação do período mais "negro" dos The Cure; a trilogia, Seventeen Seconds, Faith e Pornography.
Este período é considerado por uma parte consideravel de fãs como a melhor fase da banda, na qual foram produzidas canções belas e soturnas como "A Forest", "Play For Today", "Primary", "All Cats Are Grey", "Faith", "Charlotte Sometimes", "One Hundred Years", "The Figurehead" ou "A Strange Day". À ilusão do Seventeen Seconds, segue-se a letargia do desespero em Faith. Todo esse desespero e emoções contidas transformam-se em raiva, ódio e num desespero ainda mais exacerbado em Pornography, tornando este álbum um marco para a música alternativa.
Robert Smith, que estava insatisfeito por não ter o controlo sobre certos aspectos, nesta altura passou a tomar as rédeas de todo o processo criativo e co-produziu Seventeen Seconds juntamente com Mike Hedges. A Forest foi o primeiro single dos Cure a entrar no top de singles do Reino Unido, e foi a primeira música que se pôde ouvir deste novo período. Bastante diferente do que tinha sido feito anteriormente, é no entanto, a essência deste novo período e mesmo de toda a carreira.

1980 - Seventeen Seconds

Após a tournée de 1980, Matthieu Hartley deixa a banda. Hartley afirmou, "apercebi-me que a banda estava a ir numa direcção suicida, música sombria - do tipo que não me interessava de maneira nenhuma".

Em 1981, satisfeitos com o ambiente reproduzido por Mike Hedges, gravam novamente com este produtor, desta vez o álbum Faith, que consegue levar mais adiante o ambiente depressivo presente no álbum anterior.

1981 - Faith

Na Picture Tour de 1981 os concertos assemelhavam-se a cerimónias religiosas, com uma atmosfera altamente depressiva ao ponto da audiência não aguentar e provocar graves tumultos. Nesta turnê, antes dos concertos, em vez de uma banda de suporte, apresentavam o filme Carnage Visors de Ric Gallup (irmão de Simon Gallup), um filme animado que criava a atmosfera pretendida para o início do concerto. Robert Smith vivia tão obsorvido neste ambiente depressivo, que em certas ocasiões chegava a terminar os concertos em  lágrimas; já para o fim da tournée recusava-se a tocar músicas do primeiro álbum.
Em 1982 editam um dos álbuns mais importantes da banda, Pornography, que é o pico deste período mais sombrio da banda. Este é o álbum que aponta a transição da banda para o estilo rock gótico, demonstrando uma sonoridade típica do pós-punk, mas muito mais próxima do gótico. Um álbum gravado no limite da lucidez já muito perto da insanidade, provocada por vários excessos, sendo o mais evidente o consumo desmesurado de todo o tipo de drogas. Este comportamento por parte de todos os membros da banda, torna-os demasiado frios e distantes e iria criar problemas entre eles em pouco tempo.
Este álbum inicia com a linha, "It doesn't matter if we all die" ("Não interessa se todos morrermos"), que define exactamente o pensamento da banda nesta altura. O desespero e o ódio presente no álbum pode ser abreviado pela concisão dessas primeiras palavras que ouvimos neste álbum.

1982 - Pornography

Apesar das preocupações legítimas quanto a este álbum não ter um som comercial, é o primeiro álbum da banda a atingir o top 10 no top do Reino Unido, atingindo o oitavo posto.
Nesta altura começam também a alterar a sua postura de não-imagem e encetam uma mudança no seu visual na digressão do álbum Pornography. Pintam os olhos com batom (que com o suor dava uma sensação de estarem a sangrar dos olhos) e começam a deixar crescer o cabelo duma forma desgrenhada.
Vivia-se um ambiente de "cortar à faca" dentro da banda e os concertos eram feitos quase sem qualquer diálogo entre os membros. Este período, que levou os membros da banda ao limite das suas capacidades físicas e psíquicas, culminou em cenas de pancadaria entre Simon Gallup e Robert Smith em plena tournée de 1982.
Os The Cure como eram conhecidos até então tinham acabado. No fim da tournée a banda tinha acabado, apesar de oficialmente, o fim nunca ter sido confirmado. Simon Gallup estava fora da banda.

Continua...

Abraços.
By Toniolo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Temperos Chilenos - parte II

Sabe aqueles dias em que você termina tudo, toma um banho, deita e pensa: "este foi um dos melhores, se não o melhor, dia de minha vida". Pois é, isso foi o que pensei (e pensamos), depois de tudo o que aconteceu a seguir. Estamos em 08 de outubro de 2011; Santiago; Chile; América do Sul. Bem vindo ao Le Fournil.

Depois de uma noite inteira de "viagem"; sim, levei quase 11h de tempo em vôo + tempo em aeroporto entre POA - São Paulo - Santiago. Problema no avião da TAM e 5 horas esperando em São Paulo. Saí de POA as 14h e cheguei em Santiago depois da 1h da manhã. Como a Desi chegava (ou deveria chegar) as 3h, resolvi esperar no aeroporto mesmo. Pedi una copa de vino e aguardei. Era o que eu podia fazer. E começar o encanto vinícola pelo Chile.

Só que o vôo da GOL atrasou um pouco e a Desi chegou só pelas 4:30h. Até aí, eu já tinha tomado a taça de vinho e pedido o café da manhã, com café com leite e torradas. Só lá pelas 5:30h da manhã estávamos fazendo check-in no hotel e rumando ao quarto, para acordar as 9h, Afinal, dormir em dólares não é uma boa pedida, ainda mais em viagem.

As 9h em ponto (ou um poquito más) estávamos tomando um belo café da manhã. Em frente ao Cerro Santa Lucia, local histórico de Santiago. Juntamente com um colega de trabalho - que fazia a transição do posto profissional (me passando o bastão) - conversávamos sobre as alternativas de passeio do dia. Afinal, era sábado e estávamos livres. Trabalho, de fato, eu só teria na terça, já que segunda era feriado no Chile. Eu estava apenas de sobreaviso, se algum aluno precisasse de algum apoio. Então a idéia era aproveitar o dia.

A idéia de passeio partiu do colega: "quem sabe um passeio de bicicleta ?". Confesso que fiquei receoso... mas topamos na hora. Eu já conhecia (relativamente) bem Santiago, já que era minha terceira vez... então era uma oportunidade de visitar um cidade de cima, não mais dentro de um táxi ou metrô. A Desi não fez cerimônia e partimos. Com tênis e protetor solar, apesar da temperatura em torno de 20 graus.

No caminho, subimos ao Cerro Santa Lucia, afinal tudo era novidade para a Desi. Tem umas escadas macabras; e lugares bacanas de visitar. É simbólico para a cidade. Vale um passeio de 30 minutos e muitas fotos do local. Até o Sr. Roger Waters resolveu dar as caras (algum sinal, será...?? ). Depois, descemos o morro rumamos ao local onde alugam as bikes... combinações feitas; partimos para um passeio de 4h pela capital Chilena. Inesquecível.


Cerro Santa Lucia

Cerro Santa Lucia
Não há o que não exista...

Ao longo do passeio, rumamos em direção à Cordilheira dos Andes. De fato, conhecemos muito de uma cidade andando de bike. A cidade tem boa organização neste sentido, por meio do Parque Florestal, que cruza boa parte do Rio Mapocho e tem um visual bem bacana. Tem até sinaleiras para Bikes.

Quanto mais perto da Cordilheira, mais bonito (e rico) vai ficando. Muitas paradas, muitas fotos... e eu já com uma sede danada. Como era sábado, pensei em pegar uma ceva, numa das paradas... para desespero da vendedora que me alertou que eu não podia beber na rua (no Chile é proibido). Tudo bem, troquei a ceva pela água sem gás mesmo. Melhor assim. Vai que vou preso...


Passeio de Bike - Parque Florestal

Faltaram só os pães e as flores...


Santiago é belíssima !

Ao longo do passeio, devido as Bikes serem "estravagantes", todo mundo "abana" (existe esta palavra ?) e cumprimenta... muito legal. As crianças fazem a festa. Existem passeio guiados e passeios noturnos também, para quem prefere mais conforto e orientação. Optamos pelo passeio livre. Pagamos em torno de R$ 30,00 cada um, por 4 horas de uso. Só tem que deixar um documento e pronto: as magrelas estão a disposição.

Magrelas...
Na volta, já um pouco cansados, rumamos para entregar as bikes. Já se passam das 14h, quase 15h. Hora do almoço, sim (no Chile o almoço começa as 14h.... no sábado então, estica muito...). Decidimos almoçar em algum restaurante do Pátio Bellavista, local muito bonito e atrativo. É um pequeno conjunto comercial, com muitas lojinhas e bons restaurantes à disposição. Bastante turistas e bem tranquilo, muito bacana de conhecer. Passeio obrigatório em Santiago (fica na Av. Pio Nono). Bem fácil de chegar; estação Baquedano, metrô linha 1. Chegamos a sentar no Back Stage (restaurante), mas como demoraram mais de 20 minutos para atender, fomos a outro que não conhecíamos, chamado "Le Fournil". Foi a melhor escolha, que só saberíamos alguns minutos depois...

Pátio Bellavista - com o Sol ao fundo...
Bom atendimento, boa comida e bom vinho. Com um ambiente muito legal. Acompanhado de pessoas legais. Precisa mais ? Certamente, não. Escolhemos um vinho especial, maravilhoso... chamado Nativa, da Bodega Carmen. Feito de Uvas Orgãnicas, Carmenére, safra 2009. Perfeito, redondo, frutado. Na medida.
Para acompanhar, Salmão grelhado, em cima de um molho que parecia pesto; acompanhando de arroz misturado com funghi. Pedimos todos o mesmo prato. Bem bacana, na medida, saboroso, delicioso. Combinou bem o ambiente e, acreditem, com o vinho. Sempre acho que Salmão combina bem com vinho tinto. Me falaram que combina melhor com Pinot Noir, mas quem se importa com estas frivolidades ?

Vinho Nativa; Bodega Carmen
Salmão
 No restaurante, podemos provar um Azeite de Oliva produzido no Chile; espetacular; 0,2% de acidez, com um sabor e cheiro incríveis. Precisamos achar onde podemos comprar isto aqui no Brasil. Sensacional.

Azeite de Oliva - Divino

Saímos quase 17h do restaurante, alegres e tranquilos. Deu mais ou menos R$ 60,00 por cabeça, com pisco sour, sobremesa de chocolate, água e café para todos, além dos comes e bebes já citados. Quase nada pelo prazer imensurável.

Voltamos a pé mesmo para o hotel, que fica uns 20 minutos do local. Dia ensolarado, temperatura de 20 graus... esse era o ambiente. E fomos descansar porque de noite tinha mais. Iríamos ao Borde Rio, mas isso fica para outro post.

Santiago tem disso: a sensação de não ver o tempo passar...

By Alberton