A celebração
do dia mundial do Rock, ato simbólico decretado em 1985, com o Live Aid da
época, sempre desperta e inspira textos saudosistas. Até aqui nada de anormal, afinal,
considerando o contexto atual de relativa mediocridade e raros momentos
inspirados, temos muita coisa para celebrar do passado e nem sempre isso significa
abandonar o presente. Mas hoje, tirando o Foo Fighters... está cada vez mais
difícil ser roqueiro. E talvez resida nisso o fato de que ele nunca morre e
nunca morrerá.
Os textos que
celebram a data de hoje lembram os heróis e, principalmente, os anti-heróis do
passado. Nas imensas listas, jamais faltarão Elvis, Stones, Beatles, Queen,
Iron, Nirvana, Ramones, Led, Bowie, Pink, Doors, Police, Clash, Pistols, Oasis
e outras centenas de bandas Lado A e Lado B que são definidas como bandas de Rock,
mesmo que nem todas sejam, tecnicamente, uma banda de Rock. Estranho isso ? Pois
é, mas me parece que até isso são efeitos do Rock. Realmente, “it´s only rock´n
roll, but I like”, já cantarolava o Sr. Mick.
Independente
da opinião de cada um sobre bandas e classificações técnicas (e estamos num tempo
difícil de isso acontecer...), sempre me perguntei “o que seria mesmo o rock?”.
Então, vamos imaginar a cena, por mais inverossímil que seja: alguém com 35
anos de idade, que morou a vida inteira numa aldeia indígena do interior da Amazônia,
que nunca teve contato com a “civilização”,
te encontra na rua a faz a seguinte pergunta: “O que vocês estão comemorando
hoje?”. Você, educadamente, responderia: “Hoje é comemorado o dia mundial do
Rock”.
O nosso amigo
Índio para e pensa. Então, imaginem agora a cara deste senhor, pensando... “dia
mundial do quê...?”. E ele te pergunta: “mas o que é Rock, meu amigo?”. Bem, aí
talvez comece o problema. E a solução. Confesso que eu não saberia responder
com precisão. Falaria em guitarra? Bateria? Baixo? Estilo de vida? Estilo de
roupa? Letra de música? Show? Política? Guerra? Amor? O que mesmo eu deveria
falar...? Falaria de John e Paul? De Freddy? De Waters e Gilmour? David? De
Kurt? De Mick e Keith? De quem mais...?
Bem, talvez
na hora, no máximo, eu me lembraria de onde tudo começou comigo, num quarto
escuro em Bento Gonçalves, escutando pela primeira vez um vinil do Nevermind lá
pelos anos de 1991. Momentos importantes que sempre mudam a nossa vida e que
marcam para sempre. Mas voltando à pergunta do nosso amigo Índio, realmente eu
não saberia responder. Seria como explicar o riff inicial de Smells Like Teen
Spirit. Mas eu não hesitaria em entregar para ele algum vinil dos Stones.
Certamente ele mesmo encontraria a resposta.
Bessos.
By Alberton.
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