A
primeira vez que escutei The Doors foi em 1997. Tarde demais, eu diria; mas
antes eu escutava outras coisas. Na época, um colega de trabalho, durante o intervalo
do horário de almoço, disse que iria me apresentar uma banda que iria mudar
minha vida. E olha que isso já tinha acontecido 7 anos antes, com o Nirvana e o
seu Nevermind. A Light My Fire foi a música escolhida por ele para me apresentar Jim
Morrison e banda. E o resto é o resto.
Escutei
a música com a sensação que, claro, já a havia escutado 1 milhão de vezes. Verdade
ou não, é aquilo que acontece com qualquer música que, realmente, consegue
superar a barreira do pop instantâneo (ou, nos tempos de hoje, um sertanejo
pop). E outras músicas vieram em seguida...
Riders on the Storm, L.A.Woman... etc, etc. E logo eu iria comprar todos os
CD´s e alguns materiais da banda. DVD´s (poucos). Livros. E assistir ao filme
maluco do Oliver Stone era um programa clássico, pelo menos uma vez por mês.
Como
tudo na vida, o The Doors também passou. Passei a escutar com menos frequência,
não por escolha musical ou por desgosto, mas sim por opção. A escuta sempre foi
eventual. Até porque não são músicas de escutar no churrasco de domingo com a
família... e na medida que a vida segue seu curso, escutar The Doors passou a
ser uma atividade isolada e reclusa, quase que individual, se não fosse pela
companhia de um Red ou um Jack. E, claro, eventualmente na companhia de amigos.
Em
2008, tivemos uma redenção com um show do Ray e Robbie em Porto Alegre, se
chamando de The Doors. Baita show, um dos melhores que já fui, com certeza.
Pepsi on Stage lotado, cultivando e celebrando músicas eternas. O post deste
show já está aqui no blog. As minhas 2 horas no ano de 1967 foram incríveis. Show
que não esperávamos, não imaginávamos e nunca sonhamos. Estes parecem ser os
melhores. Como foi o do Roger Waters e seu The
Wall (2012). Como foi o da banda
Chiado no Factory em São Leopoldo (2012).
Jim
nunca foi exemplo pra ninguém, reconheço. E acho que ele nem queria isso. Ele
devia saber disso. Os jovens também deveriam saber disso. Minha admiração é
pela música e o que vem carregado nela (postura, estilo); nada mais. Era outra época,
outro local; nem é justo comparar com nada. Mas para uma banda que durou menos
de 5 anos, é preciso reconhecer que a contribuição para a história da música é
impressionante. E as músicas (ou boa parte delas) são eternas.
E
quis o destino que, em 2013, em Paris, eu fosse visitar Jim Morrison. Antes que
ninguém se assuste, eu não encontrei Jim caminhando na Rive Gauche. Foi no
cemitério mesmo. Depois de alguns dias muito intensos na cidade (e maravilhosos),
resolvemos investir uma manhã para conhecer os bairros Marais e Bastille. Pere
Lachaise era ali perto e então: por que não ir ? Depois de algum passeio por
perto, tomamos um metrô rumo ao cemitério. Confesso que relutei (em pensamento)
em ir... mas as coisas aconteceram muito naturalmente.
A
estação fica bem em frente ao cemitério. Chovia de forma muito fina. Paris já
estava cinza há 12 dias, aliás. Ao
sair da estação, camisas do Jim e do The Doors balançam ao leve vento na banca
de revistas no meio da rua. Não desistimos e rumamos junto ao cemitério. Depois
de 10 minutos de caminhada, já estávamos dentro do Pere Lachaise. Uma placa de
tamanho médio indica a localização das mais de 100 personalidades (?)
enterradas (?) por lá. Fomos direto no número do túmulo do Jim e rumamos em
plena chuva até o local.
Claro,
nos perdemos dentro do cemitério. Apenas ao som de corvos e do balançar das
folhas secas de inverno, tentamos, sem sucesso, achar o túmulo do Lagarto-Rei. Quase
ninguém no cemitério. Um enterro ocorria ali por perto e passamos meio de
longe. Quase sem querer, voltamos para uma outra entrada do cemitério, onde
podemos analisar com mais calma outra placa de identificação dos túmulos. E
voltamos ao cemitério para tentar achar Jim. Depois de uns 15 minutos de caminhada
e chuva diminuindo de intensidade, finalmente achamos.
Não
sei bem expressar o que senti. Lembro-me de largar a mão da Desi e apertar o
passo, isoladamente, quando as lápides pixadas davam indícios de que chegamos
onde queríamos (ou eu queria). Uma grade de proteção não permite chegar nem
muito perto do túmulo, que fica no meio de outros, sem muito destaque. Dá para
olhar só de lado. Mas está lá, escrito...: James Douglas Morrison. Confesso que eu esperava
algo melhor. O busto se foi; onde hoje restam apenas algumas rosas e garrafas
de bebida. E corvos. Muitos corvos. Talvez inspirações de Oscar Wilde, que um
pouco mais acima do cemitério também descansa sob o céu da cidade-luz.
E claro, sempre vou lembrar de ter vivido 1 hora no ano de 1971.
Saludos.
By Alberton
Nenhum comentário:
Postar um comentário